03 outubro 2010

A esperança era verde

Hoje as eleições para os cargos de presidente da república, senadores e deputados mostraram situações interessantes perante às várias pesquisas de intenção de voto. Não se realizaram em muitos casos.
Nestas semanas anteriores a hoje, quase todas elas apontavam uma grande possibilidade de Dilma Rousseff vir a ganhar as eleições logo no primeiro turno. Isto não aconteceu. Dilma alcançou índice inferior a 46%. Inimaginável há poucos dias.

Dilma tinha, segundo o sentimento geral, apenas José Serra como oponente com alguma relevância, embora as favas, segundo muitos, já estivessem contadas a favor da petista.

O que muitos perceberam é que o maior adversário de Dilma é o próprio PT e seus braços longos na corrupção generalizada, e não propriamente a força eleitoral de Marina Silva que, surpreendentemente, alcançou aproximadamente 20% dos votos válidos.

Marina apenas foi a onda verde da esperança, ou um recado a todos.

Marina era a feliz esperança daqueles que não acham que o rouba-mas-faz é a tônica que todos devem reverenciar. Marina foi quase um voto de protesto, pois todos os seus eleitores sabiam que ela não chegaria ao segundo turno.

Marina não vai a segundo turno, que será dividido entre Dilma e Serra.

Na seara de Dilma, por todos esses oito anos de governo, Lula - o maior dos petistas de direito, mas não de fato por ter-se afastado do PT há muitos anos, constituindo-se num partido novo de referência personalista, cujo único membro é ele próprio - jogou uma capa impermeável sobre todos os desmandos e deixou tudo correr frouxamente, enquanto o populismo - sua característica mais forte - mantinha a cobertura no lugar.

Para o bem do Brasil, espero que Dilma vença.

Uma das táticas de guerra mais antiga é a divisão do exército adversário. Unido, não há como ganhar dele. Assim, infunde-se na tropa adversária maledicências, atrativos para parte dela, tudo em busca da redução da ideologia do grupo, pois idéias díspares num ajuntamento fechado é o elemento desconstrutor.

Sob minha visão não será necessário à oposição fazer nenhum movimento neste sentido. Dilma foi imposta ao PT pela vontade de Lula, tendo as divergências da indicação sufocadas pelo líder, que agora sai de cena formalmente, mas com certeza se transformando em eminência parda, como uma conquista de um terceiro mandato sem ferir a Constituição.

Dilma, por obrigação, terá de andar por suas próprias pernas muitas vezes e, na primeira oportunidade que escorregar, os insatisfeitos de seu partido começarão a sussurrar de descontentamento, e Lula não terá mais visibilidade para pôr a mão de ferro que vinha usando.

A continuidade das coisas mal resolvidas pelas ações oficiais de Dilma, que nunca prezou o jogo político mas apenas a truculência das ordens verticais, burocrata acostumada a mandar, irão crescer no seio do PT, que, por fogo amigo inevitável, irá minar a base de apoio da presidente.

Para o país, é melhor assim que Dilma vença, para que sejam implodidos pela luta interna as práticas e os elementos que vêm sendo catalisadores da corrupção desenfreada.

A possibilidade de Serra vencer o segundo turno faria o PT tornar-se unido contra ele e a falta de governabilidade irá ensejar coisas não muito boas por aí.

Ou seja, com Dilma ou Serra, as coisas não serão nada fáceis para os brasileiros de bem.

Espero que eu esteja errado em todos os cenários sombrios que agora teço.

Boa sorte para todos nós.

Nenhum comentário: