30 junho 2009

Ou o Brasil acaba com a saúva...


...ou a saúva acaba com o Brasil.


Slogan antigo, se não me engano da década de cinquenta. Vou verificar.


Mas não são de formigas que desejo falar. É de outro inseto.


Existe na natureza um minúsculo animal, cuja voracidade individual não é muito grande, não precisa de muito para sobreviver.

Entretanto, a colônia gera grandes estragos às estruturas das casas. São as térmitas, os cupins, que têm muitas variedades mas um único objetivo, o de alimentar-se dos vegetais celulósicos.


Numa ficção científica, uma casa ficaria carcomida totalmente e, por serem tantos indíviduos, substituiriam o lenho da construção com seus próprios corpos abarrotados de celulose. Ou seja, se nesta obra de ficção as térmitas fossem retiradas, a casa ruiria.


Segundo a Wikipedia, 'Todos os cupins são eussociais, possuindo castas estéreis (soldados e operários). Uma colônia típica é constituída de um casal reprodutor, rei e rainha, que se ocupa apenas de produzir ovos; de inúmeros operários, que executam todo o trabalho e alimentam as outras castas; e de soldados, que são responsáveis pela defesa da colônia.'


Quaisquer semelhanças com o nosso legislativo...

18 junho 2009

O que será preciso?



Os constantes escândalos do senado têm vindo com força crescente.

Lula, por seu turno, por cinismo e conveniência políticos, finge passar a mão na cabeça do presidente do senado, Sarney, dizendo que ele não pode ser atacado, pois não é uma pessoa comum.

A verborragia improvisada de Lula bate mais uma vez na insânia de classificar as pessoas em geral como comuns, que podem ser espezinhadas. Políticos tradicionacionalmente corruptos, não.
Outros falam em ataques às instituições, que elas são sagradas, que querem desestabilizar o estado.

A preservação das instituições...

Palavra bonita, que serve apenas para dificultar a justiça.

Onde estão as instâncias de julgamento competentes para pôr um fim no desatino político que o senado se tornou, assim como todo o legislativo, para ser justo?

Estão, os integrantes do estado, todos, com medo de apurar o que precisa ser verificado?
Estarão todos os poderes da República manietados pela contaminação de sua moral, de modo que não podem, ao chegar ao verdadeiro teor dos desmandos, contrair provas contra si mesmos, em quaisquer das esferas que necessitam de investigação?

Existe uma rede de malfeitores que permeia o estado como um todo?
Não há probidade em lugar nenhum?

Será que a Lei, que se origina nos bons costumes, deverá se apresentar doravante em imagem negativa, ao contrário?

Estão substituindo o bem pelo mal e este passa a ser a lei vigente e, por isto, não há como punir ninguém, a não ser aqueles que se conduzam, pela lei 'antiga', corretamente, nesta 'realidade surrealista'?

O fundo do poço é muito malcheiroso.

17 junho 2009

A Biblioteca Nacional


Eu costumo ter má vontade com o Governo. Acho que exige mais do cidadão do que lhe dá.

Uma vez escrevi à Presidência da Biblioteca Nacional, aqui no Rio, apontando - um tanto indignado - com o tratamento que o leitor tem lá.

Naquela ocasião, reclamei:

1-Menores de 12 anos não podem freqüentar o salão de leitura (me expliquem por que, foi o que eu perguntei a eles)
2 -Funciona somente no horário comercial, em dias úteis (biblioteca pública, na minha opinião, deveria funcionar não só de domingo a sábado, como também 24 horas por dia. Se padaria e cinema abrem todos os dias, por que a Biblioteca Nacional não?)
3 -Você, na hora do seu almoço, uma hora de prazo, vai à Biblioteca e pede um livro para ler. Isto mesmo, não é possível tê-lo diretamente na estante. Há uma burocracia para isto. E olha que você nem está pedindo livro raro, não; livros comuns, didáticos, romances, qualquer um. Aí, depois de esperar uns quinze minutos (que você não tem), ocasionalmente vem a resposta de que o livro está sendo restaurado (será que todos os livros são raridades, incunábulos?)

Na época, a Presidência me convidou para ir lá, discutir. Ora bolas, não fui! Já havia apontado os erros!

Agora, vejam que minha birra com a BN não é à toa, pedi informações num serviço que eles têm na página da internet deles, que é alguma coisa como fornecer dados de estrangeiros que entraram no Brasil no século passado e no XIX também.

Como era para eu saber, o serviço não funciona. Vejam o que me respoderam, quando eu pedi informações, e já fornecendo dados poucos - evidentemente - sobre meu avô italiano que chegara ao Brasil no século XIX:


A(o) Senhor(a)
O Arquivo Nacional não dispõe de um banco de dados
[negrito meu] que contenha informações gerais sobre estrangeiros, nem de listas nominais de famílias, de modo que se possa encontrar rapidamente um determinado estrangeiro ou uma família.

O atendimento à distância só é possível quando o requerente fornece as indicações necessárias à realização de busca em diversos conjuntos documentais, observando os diferentes documentos de cada conjunto, a saber: listas de passageiros de navios, livros de registros de entradas de imigrantes nas hospedarias, prontuários de registros de permanência de estrangeiros no Brasil(carteira modelo 19) e processos de naturalização.

Para o exame das listas de passageiros são necessários: o nome completo do estrangeiro, o dia, mês, ano do desembarque ou o mês, ano e nome do vapor, como também o porto em que ocorreu o desembarque.
As listas nominais de passageiros, de uma maneira geral, não consta a cidade de nascimento do estrangeiro,

do porto de Santos, são somente a partir do ano 1894, havendo deste ano, apenas, parte da lista de passageiros do vapor Solferino;
* do porto do Rio de janeiro são somente a partir do ano 1873
As listas de passageiros anteriores aos anos acima indicados não se encontram sob a guarda deste Arquivo e não se têm notícias a respeito do destino dado às referidas listas.
Para o exame dos fichários nominais de prontuários de registros de estrangeiros(RE,SRE,Carteira modelo 19) são necessários: o nome completo do estrangeiro, a filiação e a cidade/ estado que o estrangeiro fez o registro. O registro de estrangeiro tornou-se obrigatório somente a partir do Decreto-lei nº 3010, de agosto de 1938 para todos os estrangeiros, em caráter permanentes no país que tivessem menos de 60 anos à época do referido decreto. Não existe este tipo de documento anterior a agosto de 1938
ATENÇÃO: Os registros de estrangeiros constituídos de letras e números não se encontram no Arquivo Nacional e poderão ser solicitados na Seção de Cadastro de Estrangeiro da Policia Federal nos Estados.
Os prontuários de registros de estrangeiros feitos na cidade de São Paulo, somente podem ser localizados pelo número do registro, cujo nº poderá ser solicitado a Seção de Cadastro de Estrangeiros, da Polícia Federal: rua Hugo D’Antola, 95 - Bairro– Lapa de Baixo– São Paulo. Tel. (0** 11) 3616-5000 Plantão- (0**11) 3616-5001.
Para o exame dos índices nominais de naturalização entre 1823 e 1959 são necessários: nome completo do estrangeiro, filiação, e, se possível, o ano do nascimento e do óbito.
Visite nosso sítio www.arquivonacional.gov.br /SERVIÇOS AOS USUÁRIOS/ ATENDIMENTO À DISTÂNCIA onde poderá obter informações a respeito da documentação disponível, a forma como está organizada e o que é necessário para que o atendimento seja possível. De posse das informações solicitadas, escreva para consultas@arquivonacional.gov.br .

Caso não disponha das informações necessárias, a consulta deverá ser realizada, pessoalmente, na sede do Arquivo Nacional na Coordenação de acesso ao acervo na Praça da República, 173 – prédio P - Centro, de 2ª a 6ª feira, das 8:30 às 17:45
Atenciosamente.
Coordenação de Atendimento a Distância


Respondi a eles, meio irritado:


Senhores, obrigado pela resposta.
Mas, perdoem-me: me parece paradoxal a BN ter documentos que não servem à pesquisa no Serviço, pois, se o pesquisador soubesse de todos os elementos que lhe pedem para localizar o documento, forçoso seria dizer que não precisaria pesquisar.


Que podemos consultar os documentos - segundo entendi ao fim de sua resposta - pessoalmente, já é uma ajuda, mas um serviço online que exige todos os elementos para dar uma resposta me soa pelo menos risível.

De qualquer maneira, grato por sua atenção



Tenho ou não tenho razão de me irritar?

09 junho 2009

Através da vidraça

Fim à pobreza

Passei por ele quando me dirigia ao restaurante na hora do almoço.

Por sua postura, seu modo de estar ali, de pé, ao lado de um outra casa de comida a quilo mais modesta, pressenti que tinha alguma relação com o dono do lugar, ou com alguém que ali estivesse. Talvez esperasse alguém.

Entrei no restaurante, aspergi algumas gotas de azeite português no meu prato, legumes frescos, escolhi o arroz integral - e um pouco do branco só para o gosto -, pus uma meia concha de feijão branco, procurei o peixe, optei pelo escalope, pesei, peguei a comanda e sentei-me sob o ar refrigerado, enquanto via o jornal Hoje passando na tv.

A televisão maior, a da vida, abria-se antes meus olhos lá fora, enquanto o mundo, o meu, o protetor, fechava-se cá dentro.

E lá continuava ele, sussurrando - agora eu passara a ver - para quem lhe passasse bem perto, algo que não se precisava ter ouvidos para saber: "Pode me pagar um almoço?".

Todas as pessoas, sem exceção, não deram nada.
Correção, uma deu um sinal com a mão para que ele não a importunasse, enquanto entrava naquela lanchonete pegada ao restaurante.

Não comi com os olhos no prato. Dividiu-se a minha atenção entre os dois lados.

Tive antipatia dele. Por que será que este moleque, ao invés de ficar esperando com essa paciência sabuja algum bobo perdulário, com essa esperança mole da fome saciada pela mariposa eventual na sua teia, não ia tentar trabalhar em alguma coisa?

Mordi um pedaço de carne.
Sem sabor.

Devia ter uns dez anos e continuava lá, a olhar de um lado para outro, e esperando o próximo ouvido surdo.

Fácil de se ver, de se prever, era do tipo que não iria dar em nada. Se desse, seria para o latrocínio, para a aspiração de cola de sapateiro, do tipo que não alcança a maioridade vivo. Malandragem vazando pelos poros.

Mordi outro pedaço de carne.
Não tinha sabor. Convalescia de uma gripe vencida.
Só por isto não sentia gosto.

Ele falava, às vezes, sozinho. Reclamava - intuí - da falta de solidariedade, dessas que o governo gosta de fazer, dando peixes fáceis sem precisar de anzóis.
Não vai mesmo dar nada na vida.

Usava uma jaqueta vermelha, meio surrada, já tendente ao grená pela insistência, uma bermuda da mesma tonalidade e um tênis.
Não de todo mal, apenas com o uniforme inequívoco dos de rua.

Parecia frágil...
Este meu almoço não está me fazendo bem.

E se fosse meu filho? E se tivesse uma fome daquelas que paralizam qualquer iniciativa, até a de roubar?

Franzino. Com certeza sem pai e sem mãe; se tivesse, onde andariam eles? Bebendo em alguma birosca na favela? Com certeza nunca foi à escola, ou, se foi, não aprendeu nada por gosto à vadiagem.

Precisava falar com ele... Mas, ele estava já há algum tempo ali... As pessoas já haviam percebido o que ele queria, se eu chegasse para lhe dar dinheiro todos iriam me olhar... Não vou nada...

Que almoço comprido e pesado.

Vou, sim... Não posso me omitir... Lhe pago o almoço, ou pelo menos lhe pago um sermão...

Levantei-me para pagar o meu, que não me fez bem.
Caí em mim querer que, ao olhar por essa vidraça num outro dia, meu almoço futuro não me viesse a pesar novamente.

Paguei, saí e fui, resoluto, na direção dele. Tinha um plano para evitar os olhares, que, na verdade, escondia a minha falta de força, de personalidade própria.

Passei por ele e lhe disse: você quer almoçar?

Ele respondeu que sim. Eu disse vem comigo que lhe quero fazer umas perguntas.

Prontamente ele me seguiu. Dei alguns passos - uns vinte - e parei. Ele chegou.

-Olha - eu disse-, vou pagar o seu almoço, mas antes quero que você me responda umas perguntas.
-Você sabe ler e escrever?
-Sei, Tio.
-Pois bem, não aceite a vida do jeito que ela está passando por você. Lute para mudar. Não deixe a vida te levar.

Ele me escutava atentamente. Tinha uma pele bonita.

-De onde você é? Você mora na rua?
-Sou de Volta Redonda... Vim para encontrar um amigo meu, mas ele me deixou na mão... Me largou e desapareceu... Cheguei ontem na cidade. Não comi nada. Dormi na rua.
-Você tem pai e mãe?

Ele fez que sim.
-Que idade você tem?
-14 anos...
-Vai voltar para Volta Redonda?
-Não tenho o dinheiro da passagem.

Parecia ter dez anos.

-Olha, não se mete com drogas...
-Eu não uso drogas, Tio...
-Tanto melhor... Olha, viver com más companhias é muito fácil. Difícil é não se meter em confusão... Mas trabalhe, leia tudo que você encontrar, procure as bibliotecas, elas existem e não custam nada...

Ele olhou para um lado e para o outro. Tinha uma expressão de gente boa. Não havia deboche no seu falar, nem o maneirismo característico da malandragem carioca. Era manso e não escondia de me olhar nos olhos.

-Agora, uma dica: Compre uma caixa de engraxate, trabalhe e guarde um dinheiro para você...

Ele fazia que sim, acompanhando o que eu disse.
Por fim, meti a mão no bolso e tirei uns dezoito reais.

Os olhos dele brilharam.

-Isso dá?

Ele fez que sim, não me lembro se ele me agradeceu, e eu fui andando. Olhei para trás, antes de virar na esquina e o vi falando com o dono da lanchonete, que pegava parte do dinheiro.

Agora, meu amigo leitor, você já viu alguém fazer uma abordagem mais desastrada, ridícula, sem nenhuma eficácia para ajudar alguém que precisava?
Já presenciou alguma vez um discurso tão inútil e ridículo?
Já parou para pensar no constrangimento que fiz esse menino passar?

Eu precisava fazer alguma coisa! E fiz! Uma humilhação!

O almoço, claro, serviu. Mas, e o amanhã? O que será deste menino? O que eu poderia fazer, o que eu posso fazer em novas circunstâncias?

Continuo eu do lado de cá da vidraça.
Agora prisioneiro.

Não sei o que fazer.

A Imprensa está bufando com a Petrobrás, porque a empresa decidiu publicar num blog próprio - coisa esquisita para uma perfuradora de rocha para a obtenção de óleo e gás - as perguntas feitas pelos jornalistas e suas próprias respostas.

A Imprensa reclama da quebra de confiança entre entrevistador e entrevistado, pela revelação antecipada de conteúdo do qual ela vive.

Há algo político no ar. Não há a menor dúvida. Uma briga de gigantes: estado versus Imprensa.

Quero fazer uma considerações a respeito.

Eu já fui petista no primeiro mandato do Lula.

Depois dos sucessivos escândalos de quem se dizia restaurador da moralidade caso fosse eleito passei a ser oposição. Carlos Cachoeira, aloprados, cuecas e mensalões atrapalharam o PT nessa jornada em busca da retidão de caráter.
Eles não sabiam, pobres dos petistas.

Depois disto, como não gosto do PSDB vaidoso, do DEM leviano, do PSDB fisiológico, do PDT oportunista, do PSOL gritante, passei a opositor ao estado em geral.

Neste caso específico, tampouco tendo a achar que a Imprensa detenha os direitos das perguntas.

Imagino, numa hipótese bem hipotética, eu sendo entrevistado por um jornal.
Só poderia dizer o que respondi depois do entrevistador publicar o que eu disse?
Afinal, a quem pertence a informação neste caso?
Não é a essência das posições a do informante?
Teria algum cabimento Bob Woodward reclamar do Garganta Profunda se este resolvesse dizer a outro jornal o que dissera ao jornalista do Washington Post?

Que a Petrobrás está completamente errada, não há dúvida. Ter mais de mil jornalistas é coisa muito suspeita, ainda mais se dizendo contratante dos profissionais para ajudá-la a enfrentar a CPI que não se instala por resistência da situação (PT).

Estranho: todos errados. Este país inova todos os dias em questões de moralidade.

02 junho 2009

A tragédia do voo 447, da Air France

Neste último domingo, dia 31/05/2009, por volta de 23:14, após horas de vôo normal, uma mensagem automática chegou aos controladores. Apontava despressurização da cabine (onde ficam os passageiros) e falha elétrica.
Às 23:20 o avião não fez o contato previsto.

Hoje, terça-feira, dia 02/06/2009, o Ministro Nelson Jobim, da Defesa, anunciou que uma faixa de cinco quilômetros de destroços foi encontrada no mar.

Nenhum dos especialistas (às dezenas na televisão) concordou com a hipótese de mau tempo, de turbulência, embora os boletins dissessem que havia uma zona instável naquela área.

Ora, as turbulências que recentemente fizeram um avião da TAM, que vinha de Miami, caísse muitos metros e machucado várias pessoas, não dão mais que acidentes aos ocupantes sem cinto de segurança, mas não fazem aviões cair.
Os acidentes normalmente são na aterrisagem e na decolagem. Nas velocidades de cruzeiro são raríssimas.

Eu vou arriscar uma hipótese: um meteorito.

Meteoritos vêm do espaço a grandes velocidades. A maioria nem chega ao solo, pois vem desintegrando à medida que se fricciona com a atmosfera. São as tais 'estrelas cadentes'.

Os astronautas na Lua tinham grande preocupação por aquele satélite não ter proteção atmosférica, pois lá o bombardeio é constante. Bastaria um grão de areia um pouco maior ter se chocado com o traje deles para que uma despressurização repentina se criasse.

Claro que os trajes têm mecanismos autovedantes, mas aviões não.

Despressurização em aviões é por rompimento da cabine de passageiros; falha elétrica, em casos como este, é por rompimento de cabos na sucessão de eventos.
Como atentado terrorista por bomba não seria muito provável pela quase total ausência na América do Sul, origem do voo, fica minha hipótese de difícil aceitação, mas que, convenhamos, não é absurda.

Pela profundidade do oceano naquele ponto, talvez jamais saibamos o verdadeiro ocorrido.

Que Deus os receba a todos e que suas famílias não sofram mais.