23 dezembro 2010

Assange

Julian Assange, referido por Domenico Magnoli - do Estadão - como o herói sem caráter, não é um vingador das histórias de quadrinhos, no sentido laudatório da palavra.

Entretanto, faz de cada um de nós um pouco mais protegido perante o estado que tudo pode e nada tem a dizer sobre seus atos.

Evidentemente, os segredos precisam ser mantidos, desde que não sejam para enganar ninguém, que não sejam para prejudicar as pessoas, e isto, caro leitor, é o que mais os estados têm feito.

Seja a guerra do Vietnã e do Watergate, nos Estados Unidos, seja o mensalão - ponta de iceberg - no Brasil, se não fossem os vazamentos imaginem quantas pessoas não continuariam a ser prejudicadas.

Sob a capa da tão propalada segurança nacional, muitas maldades foram feitas; umas grandes, outras nem tanto, mas coisas ruins não se medem por intensidade de seus efeitos. Não devem existir, e pronto.

Assange pode ter feito mal, exagerado em sua necessidade de luz de palco, em seus minutos de fama, mas resta de sua ação um ponto positivo inegável: os estados vão tomar mais cuidado doravante, descobridores que são - tardiamente até - da penetrabilidade total dos arquivos hodiernos. Se se quiser, não há chave de criptografia que se baste.

Ou as agências de espionagem, e contra, venham a arrefecer seus ímpetos, ou diminuam seus registros gravados em papel e em outros meios.

Esperemos que o capricho com os registros seja a primeira opção.