08 janeiro 2011

Admirável gado novo

As notícias sobre a concessão de passaportes para os filhos de Lula e a consequente descoberta de que muitos parlamentares têm distribuído à família o mesmo tipo de documento, com a conivência e, além, iniciativa das casas, não nos surpreende.

É fácil ver que não mais nos escandalizamos com as ações dos integrantes do estado brasileiro.

Os políticos brasileiros olham com grande espanto para o noticiário que aponta algo errado, algo imoral em suas condutas. Para eles, a lei é para vassalos, pois o estado sou eu, diriam todos de per si.

Acostumados com os os anos e anos da ditadura militar e, possivelmente, com a herança que chegou via o golpe na ocasião da  proclamação da república, sentem-se aviltados em seus direitos naturais: sendo políticos e, assim, integrantes do estado, são como fazendeiros que não dão ouvidos ao seu gado, pois lhes é sabido que gado não fala e não pensa. E seus filhos, por herança direta, a mesma inteligência com a paz dos justos lhes cai bem.

O conorelismo veio há mais de cem anos e ficou.
Ao gado cabe apenas pastar para engordar, caminhando em seguida para o matadouro - o imposto - como tanto gosta o estado -, que é o lugar onde seu dono embolsa os lucros.

A olhar bem para isto, vemos que também os capatazes - aqueles que viveram a soldo do governo nos últimos (muitos) anos - se sentem dignos de picar com suas lanças os bovinos, pois a qualquer mugido mais alto, o berrante toca alto também, dizendo: "no tempo do coronel FHC vocês também iam para o matadouro, como querem ser diferentes agora? Gado só fornece... Quando muito, come... Ê, ô..."