24 maio 2009

A ESCADA AO CÉU



Era uma vez um jovem que precisava muito construir uma escada para escalar um muro. Do outro lado - não nos interessa - havia um grande prêmio. Não julgaremos o valor, apenas que para ele seria muito valioso. Poderemos, como uma concessão à ignorância que nos incomoda, dizer que se trata de uma princesa lindíssima. Um prêmio cobiçado assim.
Entretanto, não havia ferramentas para martelar, serrar e aplainar a madeira. Tampouco havia uma trena, um esquadro para medir as distâncias.

Mas, como sói acontecer com os seres humanos, a falta de recursos e a vontade de suplantar as dificuldades são a combinação perfeita para o sucesso.

Procurou quem lhe as emprestasse, pois, naquele reino - como a nossa história se passa com as fadas - não haviam sido inventados os instrumentos de carpintaria, coisa que ignorava. Isto é, ele precisava, por exemplo, de uma enxó providencial que só seria inventada séculos mais tarde.

É que nossa história tem tinturas de fantástico, o que cai bem com a temática sugerida.
Não se conformando com as restrições impostas pelo destino, saiu em busca dos insumos necessários a sua criatividade e, após meses e anos de suorento trabalho criativo e investigação incansável, levantou ele o madeirame e escalou-o comedidamente.
Forçoso no é comentar que as forças do homem muitas vezes é consistente com o momento edificador e muito menos com o realizador. Possivelmente, a Natureza é que faz o ajuste necessário entre a jornada palmilhada, a energia despendida e a recompensa final.

Nosso herói galgou os níveis de sua obra, alcançou o topo e espiou o seu destino.

Ainda não sabemos o que viu, mas vimos dele o semblante, triste, decepcionado.

Sob nossa suposição primeira, imaginemos que a princesa envelhecera e todo o esforço parecera-lhe inútil.

Não que tivesse preconceitos à idade feminina, de preferir apenas jovens, quando ele mesmo já viajara no tempo. Não. Apenas o sonho não envelhece, enquanto trabalhamos em nossas buscas. A comparação final é que é extemporânea.

Desceu, amargo. Já não sabia o que fazer da vida. Não se preparara para usar a escada, apenas fazê-la.
Moral da história: divirta-se e recompense-se com a luta diária, enquanto mira mais à frente. Se o objetivo final não lhe sorrir, pelo menos você se divertiu.