31 março 2008

Um monstro no quartinho

Hoje li no jornal Estadão uma notícia que me deixou preocupado.

Leia aqui.

Se acontecer o que eu tenho medo, nada mais importará, nem mesmo ter medo.

Eu gosto de fazer coisas que, se derem errado, dêem margem a correções.

E não gosto de gente que faz coisas que me afetem, sem terem a mesma preocupação.

Por exemplo, eu tenho inclinações a fazer alpinismo, mas penso que, se algo subverter a ordem intencional, posso não ter outra chance de subir até mesmo numa cadeira.
O mesmo penso de paraquedismo.

Agora, voltando ao assunto do jornal, estão querendo fazer uma experiência de Física tão avançada que, se algo não sair como previsto, será o fim do mundo. Literalmente!

Estão querendo criar um buraco-negro em laboratório.
Não parece nada... Parece coisa de espaço sideral remoto, tão distante do dia-a-dia quanto de nosso horizonte a olho nu de simples mortais.

Quem deu direito a essa gente de fazer uma experiência como esta?

Gente, isto é o mesmo - mal comparando e muito mal comparando mesmo - de achar um ovo de tiranossauro rex e chocá-lo, até que o bicho nasça. Depois, alimentá-lo e, finalmente, ser comido por ele.

Explico: imagine que você esteja olhando um grande remanso, onde as águas azuis e cristalinas estão abaixo de você. Tudo é calmo e bonançoso. Somente alguns arrepios da superfície denuncia que aquilo é água, do contrário pensaria que fosse um espelho.

Aí você resolve dar um mergulho, ao estilo dos atletas de Acapulco e se joga na água tépida e acariciante.

Mas, por maldade, algum ser poderoso vai lá e tira a tampa do ralo...

Imeditamente um redemoinho começa muito disfarçadamente a girar, enquanto a água desce cano abaixo.

Mas esta água e este cenário são coisas nunca vista: à medida que a água desce, por algum fator nada claro, a força do redemoinho aumenta de modo que até a água que está mais longe entra no cano. E, ao entrar aquela grande água, o vórtice puxa a floresta também e, puxando as terras, fica mais forte e puxa o oceano que estaria bem longe.

E vai assim. Quanto mais come, mais tem fome e mais ganha força e braços compridos.

E, assim, sucessivamente, engole o próprio globo terrestre, e depois a Lua, depois os planetas até Marte, a estrela Sol, o sistema solar inteiro, a estrela de Barnard a quatro anos-luz de distância...

Tudo isto em um segundo.

Alguém está querendo criar um redemoinho em laboratório. Numa pequena vasilha.

Nada de mal, não? Não, se fosse um pouco de água. Só que não estamos falando de nada conhecido, a não ser algo brutalmente demolidor, de onde nem a luz escapa.

Imagine capturar o peso da luz. Quanta força!

Se esses cabeçudos fizerem o que pretendem, vão acelerar a extinção do sistema solar em questão de minutos.

É imaginação? É, sim, pois seria a única coisa que poderemos fazer. Imaginar o resultado.

Não brinquem não, cientistas. Isto é um verdadeiro absurdo! Parem com isto agora!

Um buraco-negro não tem controle. Sua gravidade é imensa e cumulativa. Vai engolir primeiro o laboratório e em segundos vai o planeta Terra para dentro.

Quem vai pagar a conta? Ninguém.

Não sobrará absolutamente nada para contar a história.