29 novembro 2008

Fome de Saber


Há cerca de umas duas semanas ou três eu ouvi uma notícia na Band News FM, do correspondente europeu da emissora, que uma biblioteca virtual estaria sendo disponibilizada. Guardei na ocasião apenas o nome principal, a fim de procurá-lo com mais detalhes via farejadores de páginas na internet.

Hoje, lembrei-me por acaso daquela notícia e fui buscá-la e eis que achei o endereço http://www.europeana.eu/.

Entrei, não consegui ler nada mas fiquei feliz por isto.
O aparente paradoxo eu explico: no dia em que iria funcionar pela primeira vez, houve dez milhões de acessos por hora, o que fez os servidores entrarem em pane!

A felicidade é por ter visto que muita gente no mundo todo tem muita vontade de melhorar, enriquecendo-se de conhecimento.
Segundo seus idealizadores, a Biblioteca voltará ao ar em meados de dezembro de 2008.

Gostaria que, dentre esses milhões, houvesse uns tantos brasileiros. Aguardo ansioso pela disponibilização.

18 novembro 2008

Sabedoria popular (I)


"Se alguém te piscar o olho, não te entusiasma muito: certifica-te primeiro da possibilidade de existir um tique nervoso"

17 novembro 2008

Andy Warhol

Ele deve estar me olhando de braços cruzados e sacudindo a cabeça de um lado para o outro, censurando meus 15 minutos de glória.

Ora bolas, Andy, dá um tempo... Também sou filho de Deus e preciso aparecer nos jornais, mesmo que de carona:

Clique aqui para ver o Blog do Noblat, de O Globo

14 novembro 2008

Os Cantores de Ébano

Quem não se lembra, pode ouvir agora.
Quem nunca ouviu falar, pode gostar deles.

Ouça:


11 novembro 2008

O Beija-flor Vermelho

Se desejar ouvir música, enquanto lê, clique na seta do 'player'.



Foto de Flavio Cruvinel Brandão
Para um menino de dez anos, um terreno de mil metros quadrados, dependendo de como esteja plantado, impressiona.
O nosso, o de nossa família, era uma floresta biodiversa, onde cresciam bananas, laranjas-da-ilha, limas, pêssegos e abacates; mexericas, orvalha, laranjas azedas e cana-de-açúcar; cana-da-índia, café, maçã e hortaliças comuns. Existia também um grande galinheiro.
Fico admirado que, num espaço não tão grande, pudesse caber tantas coisas e ainda por cima existir lugares livres para se andar por lá.

Acho que nosso quintal era mágico, especial. Só mesmo em contos de fadas para se imaginar coisas assim.

A floresta de bananeiras tinha uma clareira, se é que se pode chamar um lugar aberto daquela forma, uma parte ensombrecida no meio dos caules, por tal nome.
Era quase circular, um anfiteatro natural, com camadas de folhas como platéia, com troncos luzidios e generosamente úmidos a nos dar frescor, e também a nos espetar com pequenos acúleos se nos desavisávamos da proximidade com suas partes mais baixas.
Ali recendiam humores de terra molhada, não obstante alguns raios de luz solar se infiltrarem timidamente, como se pedissem licença àquela penumbrosa catedral insuspeitada.

O bananal ficava ali - vizinho de porta fitológica - com a imensa mangueira, a exigir dois homens para um abraço na parte mais larga do caule rotundo. Imensa mesmo.
Em seu galho mais reto meu irmão se pendurava pelas pernas dobradas e de cabeça para baixo balançava-se pegando pelas patas a vítima do nosso cachorro vira-latas, o Buganin, que chorava de dor pelo despropósito do trapézio improvisado.
Aquele cachorro preto e branco merece um dia uma crônica só dele. Fico devendo esta.

Ali era o meu reino. Escolhia do que desfrutar, pois havia frutas e frutos para todo o ano. Era só esticar o braço.
Lá eu era super-herói; transitava por entre o sacro e o profano, ora padre a improvisar missas, ora mestre de cerimônias de circo e teatro, barracas de panos velhos e furados.
Arranjava engenhocas com restos de ferros esquecidos, trincos e fechaduras, o que pudesse dar uma continuidade qualquer a uma linha ferroviária na imaginação.
Talvez daí possivelmente venha minha fascinação por trens, por marias-fumaças que sempre puxam tais reminiscências, que me fazem lembrar de minha mãe me ensinando coisas.

- O inventor do trem foi George Stephenson... - disse-me ela, uma vez.

Imagina? Uma dona de casa, no interior de Minas, sem nunca ter tido a oportunidade de ir à escola, me falando de tais coisas, citando um engenheiro inglês nascido no século XVIII.
Acho que herdei dela a curiosidade e o gosto de aprender coisas.

Belos dias climáticos aqueles.
Minha narrativa se passa numa tarde - dessas gloriosas tardes que só a idade de dez anos inventa, outonal, que tendia ao vermelho nas luzes e a azul no céu sem nuvens; entre duas e três horas, mais ou menos.
Eu tinha um estilingue, esse instrumento de auto-afirmação boba que os meninos do interior inventaram e propagaram a outros meninos e que arremedaram a sandice do tiro ao pombo dos ingleses e talvez da caça à raposa.
Se você não matasse passarinho você estava por fora.

Para sorte de muitos emplumados, minha mira não era costumeiramente muito boa, sugerindo aí uma tradução, possivelmente, da futura e perene pouca habilidade manual.
Olhava com curiosidade maravilhada ao trabalho dos mestres da construção, principalmente para duas atividades: a de pedreiro e a de carpinteiro.
Ficava admirado com a madeira reta, lisa, com o perfeito encaixe e com as paredes que se aprumavam indiferentes à lei da gravitação universal. Eram profissões de mágicos. Queria por momentos ser um e depois ser outro.
Hoje já não tenho tais inclinações, mas não deixo de admirar esses trabalhos.

Sendo ruim de mira, dava justamente valor à simetria, pois a linha de visada até à caça também depende disto.
Ia eu procurando sabiás, rolinhas, pardais, cambaxirras, o que viesse.
Precisava matar, senão não seria jamais um homem.

Um sabiá pousou no alto do muro, nos fundos. Mandei pedra!
Xi!!! Passou longe e o bichinho só faltou rir de mim. Nem se animou a voar, a não ser quando cheguei muito perto, olhos focados de predador sem fome. Ele, em dúvida, não sabendo de minha incapacidade ofensiva real, voou.
Uma rolinha, no embalo do susto, resolveu fazer o mesmo, não facilitar, e sumiu também num piscar de olhos.

Que frustração!

Mas, sortes das sortes!, o que me aparece, pairando generosamente o peito multicor ao sol, a meio metro de mim, sugando o néctar da flor pendente?
Adivinhou? Isto mesmo, um beija-flor.

Escolhi a pedra mais redondinha e mandei fogo!
Acertei!!! Acertei!!! - gritei por dentro, enquanto via o passarinho fazer um arco e passar por cima do muro do vizinho.

Subi cautelosamente e olhei para a geografia alheia e eis que, para minha satisfação, lá estava ele, morto, com as asas abertas como um pequeno avião pousado de emergência, um verdadeiro contra-senso, uma negação da natureza, que tem naquele pequeno animal a expressão máxima do uso de energia.

Minha vitória era vermelha e coagulada.

Que foi que eu fiz? - pensei, enquanto descia do muro.

Me tornara, percebi ali mesmo, um menino como os outros; apenas geneticamente Homo sapiens.
Conseguira atingir meu objetivo tribal.

Sou mesmo da classificação taxonômica Homo. Não há complementos laudatórios.
Não há nada.

10 novembro 2008

Zoë Mace

Zoë Mace, segundo sua página, em gratidão aos médicos e enfermeiras do hospital infantil de Oxford, mandou imprimir vários CDs com sua voz, a fim de levantar fundos para ajudar o hospital.
A razão é que sua pequena irmã, que sofre da Síndrome de Down e teve problemas de coração, foi tratada naquele hospital.
Zoë Mace nasceu em 1995. Imagina daqui a dez anos, quando ela tiver ainda mais técnica vocal:
Ouça aqui... e veja sua página aqui...