10 maio 2008

Morte e Vida Severina

Com a morte da menina Isabella, morreram também várias famílias.

Potencialmente, a própria, futura: impediram-na de um dia ser mamãe.

Morreu a da mãe da Isabella; morreu a dos avós, dos dois lados da menina; e morreu a do pai e da madastra.

Morre, diariamente, por mãos de assaltantes, várias outras famílias, 'sem importância', sem dinheiro, anônimas.

Por balas perdidas e pela ação policial, outras mais, igualmente desconhecidas, a não ser dos números estatísticos, que ninguém vê.

Vicejam os crimes do colarinho branco e, com eles, a ineficácia das punições.

Cresce a impunidade, onde estranhamente réus são condenados à pena máxima e, sob recurso, liberados.

Cresce o PIB, em taxa modesta; cresce o lucro dos bancos.

Mas o que mais cresce neste país são os cemitérios e não só de corpos físicos, mas de pequenas e constantes porções da Esperança.

Mas ainda a temos. Tem sete vidas, ou mais.

Nada dura para sempre. Nem uma histórica indiferença do estado pelo cidadão comum.

Nenhum comentário: