14 maio 2008

Trans-volumes

Centro Cultural Banco do Brasil
Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
Durante minhas lúdicas atividades matemáticas, fiquei imaginando, após alguns rabiscos curiosos sobre relações do círculo há muito consolidadas, o que haveria por detrás de c=2.pi.r, de a=pi.r^2 e assim por diante, até a esfera e seu volume.

Fuçando aqui e ali, descobri a fórmula














2 . ( d - 1 )! . pi . r ^ d
f ( r ) =----------------------------
dd


Ou seja, a fórmula geral que dá as fórmulas particulares dos elementos de cálculo ligados aos círculos é uma função em 'r', na dimensão 'd'.

Ela unifica as três fórmulas que têm o círculo e a circunferência como origem, que são a do comprimento da circunferência, a da área do círculo e a do volume da esfera.

Para calculá-la, escolhe-se uma dimensão e faz-se a multiplicação da constante 2 pelo fatorial do número de dimensões anteriores à desejada pelo 'pi' e pelo raio 'r' elevado à dimensão desejada; tudo isto dividido pela dimensão desejada.

Vejamos um exemplo: qual seria a fórmula para duas dimensões, tendo o círculo como base (isto é, qual a área do círculo)?




















2 . (2 - 1)! . pi . r ^ 22 . pi . r ^ 2
-------------------------=--------------=pi . r ^ 2
22

Confirmou a fórmula clássica.

Qual seria a fórmula para o cálculo de capacidade de uma esfera?























2 . (3 - 1)! . pi . r ^ 32 . 2 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 3
---------------------=----------------=---------------
333

Reproduziu a fórmula do cálculo do volume da esfera.

Como eu cheguei à definição da fórmula geral, lá de cima?

Primeiro, era apenas diversão. Eu anotei as fórmulas consagradas há milhares de anos numa tabela. Ao lado delas, suas derivadas. Assim



















f(r)f '(r)
2 . pi. r 2 . pi
pi . r ^ 2 2 . pi . r
4/3 . pi . r ^ 3 4 . pi . r ^ 2

Fiquei satisfeito ao notar que a segunda linha da coluna das derivadas reproduzia a fórmula consagrada do comprimento da circunferência. Me fez desconfiar que havia alguma coisa a mais nisto.

Por curiosidade e apenas continuando o jogo, resolvi dividir a primeira coluna pela segunda, linha a linha. Na primeira linha, encontrei 'r' (ou r/1); na segunda, 'r/2' e, finalmente, na terceira, 'r/3'. Criei mais uma coluna para registrar isto:
































ABC
df (r)f ' (r)A/B
12 . pi . r2 . pir
2pi . r ^ 22 . pi . rr / 2
34/3 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 2r / 3

A primeira idéia que me veio foi a de que um objeto esferóide imaginário de quatro dimensões teria um sobrevolume, um trans-volume, dado por uma função que, dividida por sua derivada, reproduziria 'r/4' na coluna 'C' da tabela acima. Assim







































ABC
df (r)f ' (r)A/B
12 . pi . r2 . pir / 1
2pi . r ^ 22 . pi . rr / 2
34/3 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 2r / 3
4XX'r / 4

Olhando as colunas, a das derivadas era a única que tinha uma evolução qualquer. A primeira coluna não me dizia nada.
Momentaneamente, achei que não tinha para onde ir e larguei o 'brinquedo' de lado. Mas fiquei com aquilo no subconsciente.

Um dia, revi a tabela. Ainda não me dizia nada, qual caminho seguir. Mas quis brincar um pouco mais e resolvi ver a relação que existia entre a derivada da linha 2 com a anterior.

2 . pi . r
----------- = r
2 . pi

O mesmo fiz com a terceira linha e com a segunda.

4 . pi . r ^ 2
-------------- = 2r
2 . pi . r

Aqui uma luz se acendeu. Fiz mais uma tabela, com uma coluna a mais:












































ABCD
df (r)f ' (r)A/BB[d+1]/B[d]
12 . pi . r2 . pir / 1-
2pi . r ^ 22 . pi . rr / 2r
34/3 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 2r / 32r
4XX'r / 4?

Vislumbrei a possibilidade de a quarta dimensão produzisse uma derivada que, seguindo a 'tendência' da coluna 'D', fosse '3r'.
Caso fosse verdadeira a minha intuição, a derivada da quarta dimensão deveria ser

X ' = 4 . pi . r ^ 2 . 3r

ou

X ' = 12 . pi . r ^ 3

Assim, a tabela ficaria














































ABCD
df (r)f ' (r)A/BB[d+1]/B[d]
12 . pi . r2 . pir / 1-
2pi . r ^ 22 . pi . rr / 2r
34/3 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 2r / 32r
4X12 . pi . r ^ 3r / 4 ?3r ?


Tendo a coluna 'C' também aparentemente a tendência de evolução regular, poderia ser 'r/4' e este valor 'me daria' a chave para descobrir a fórmula da coluna 'A', na quarta dimensão.

X = r/4 . 12 . pi . r ^ 3 = 3 . pi . r ^ 4

'Descobri' a fórmula da quarta dimensão fazendo a operação inversa à que foi feita nas linhas da coluna 'C'. A nova tabela fica













































ABCD
df (r)f ' (r)A/BB[d+1]/B[d]
12 . pi . r2 . pir / 1-
2pi . r ^ 22 . pi . rr / 2r
34/3 . pi . r ^ 34 . pi . r ^ 2r / 32r
43 . pi . r ^ 412 . pi . r ^ 3r / 4 3r

Até então, eu ficava preso a uma fórmula de uma dimensão qualquer para poder descobrir a fórmula seguinte, de acordo com as progressões mostradas nas colunas 'C' e 'D'.
Eu não tinha como dizer, por exemplo, qual seria a fórmula para o cálculo do tal trans-volume da sexta dimensão, sem, antes, calcular o da quinta.

Haveria uma fórmula universal que me desse o cálculo em qualquer dimensão desejada?

Fiz vários ensaios, tentando vislumbrar alguma regra óbvia na evolução dos coeficientes da primeira coluna. Não havia. Na coluna 'B' também não. A coluna 'C' não me interessou muito, pois, embora tivesse uma evolução clara, não mostrava progresso vertical, de uma fórmula a outra. Mostrava a relação de mesma linha.

A coluna 'D', entretanto, intuitivamente, pareceu-me ter uma direção interessante: ela me mostrava que as derivadas progrediam numa escala linear. E a constante numérica me parecia ser, a cada linha, a dimensão a que ela se referia, menos 1.

Resolvi dividir o coeficiente numérico de uma derivada qualquer pela constante numérica da coluna 'D' na linha a que ela se referia: encontrei o coeficiente numérico da derivada anterior à linha em que eu estava.

Por exemplo,

12 . pi . r ^ 3
--------------- = 4 . pi . r ^ 3
3

Era 'quase' a fórmula da derivada anterior. Resolvi, também por intuição e como sempre até aquele momento, acreditar que, parcialmente, poderia fazer o expoente de 'r' ser igual à dimensão da fórmula base em questão, menos 1.

Nasceu, assim, a primeira idéia para a fórmula geral. Como todas as derivadas contemplam a dupla de variáveis 'pi' e 'r', e que 'r' tem sempre expoente igual à dimensão atual - 1, pude imaginar

f ' (r) = ... . pi . r ^ (d - 1)
d

Como seria o coeficiente numérico? Perguntei-me se a evolução da coluna das derivadas era sempre par. Parecia ser. Então, algo teria a ver com o fator 2. Tentei

f ' (r) = 2 . ... . pi . r ^ (d - 1)
d

Foi uma boa idéia. Olhando os coeficientes das derivadas nas tabelas anteriores e reescrevendo cada uma delas, vi que os coeficientes numéricos deveriam ser





























dCoeficiente fixoCoeficiente móvel
121
221
322
426

Uma intuição definitivo me 'disse' que o coeficiente móvel '6' seria o fatorial de '3', que era a dimensão anterior à que ele se referia. Se fosse verdade, o coeficiente móvel da segunda dimensão deveria obedecer à mesma regra. E era, pois

(d - 1 )! = (2 - 1)! = 1

E, por fim, a primeira dimensão também obedecia

(d - 1)! = (1 - 1)! = 0! = 1.

Assim,

f ' (r) = 2 . (d - 1)! . pi . r ^ (d - 1)
d

Qualquer derivada fica assim determinada, bastando-se indicar em qual dimensão (d) será levada a calcular.

Mas o meu objetivo final é achar uma fórmula de uma dimensão 'd' qualquer que seguisse a regra constituinte de todas as já consagradas.

Em meu socorro veio a coluna 'C'. Bastava multiplicar-se uma derivada qualquer pelo seu valor correspondente na coluna 'C' que poder-se-ia obter a fórmula da coluna 'A'.

Então

f (r) = [f ' ( r )] . r / d
d

Substituindo a representação da derivada acima por sua expressão, temos


















[2 . (d - 1)! . pi . r ^ (d - 1)] . r
f (r)=------------------------------------
dd

Simplificando e terminando a história, temos a fórmula geral, conforme mostrada no início deste artigo:















2 . ( d - 1 )! . pi . r ^ d
f ( r ) =----------------------------
dd

2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante, mas não tenho capacidade para dizer mais.

Anônimo disse...

Hum.. Só lhe dou os parabéns pela
forma como você coloca suas
idéias, porque confesso: não
sou boa com essa história de
fórmulas.. :-(
Preciso de umas aulas..

Eu