Se você tiver a bênção de poder arranjar chuchu novinho, desses pequenininhos que raramente se vêem pelos supermercados, compre lá rapidinho uns quatro que sejam.
Lave o arroz e deixe-o de molho na água, de modo que o cubra e deixe de lado por um tempo. Quanto mais deixar, melhor. Por volta de duas horas estará bom. Ele vai render mais assim.
Quando achar que hidratou bem os grãos de arros, num pires, pegue dois dentes de alho com casca e tudo e, com um garfo forte, vá espetando-os repetidamente. A casca sairá facilmente e você nem precisará de faca.
À medida que você vai espetando, o alho vai se fragmentando e você, no fim, aperte-os bem no pires, a fim de que fiquem em quadradinhos bem pequenos. Quanto menores, melhor sairá o óleo e o gosto vai se pronunciar. Se você gosta de alho, claro.
Ponha um pouco de azeite sobre o alho picado, a fim de estimular a saída do óleo. Se você não sabe, óleo de um tipo quase que 'liquidifica' um outro tipo óleo.
Não acredita? Um parêntese: quer tirar, por exemplo, graxa da mão que você pegou lá no motor do automóvel? Basta, com as mãos ainda besuntadas da graxa automotiva, passar óleo de cozinha, esfregar bem e depois usar detergente. Veja se não sai tudo. Mas isto fica para dica de outro assunto. O negócio aqui é culinária. Continuemos.
Lave os chuchus, (não seja porco, senão vai levar coisa para a panela além de células vegetais). Corte-os ao comprido e com lascas finas, com casca e tudo, já que é chuchu novinho. Se ele tiver uma cara arqueológica, é melhor descascá-lo e já lhe digo que não vai ficar a mesma coisa. Você controla como você quer.
Reserve-os num prato qualquer.
Escorra a água do arroz.
Ponha água para ferver. Assim que você presumir que ela irá entrar em ebulição, vamos ao arroz.
Ponha uma panela seca no fogão e ponha uma colher de sopa de manteiga ou margarina; ou duas de óleo. Acenda o fogo baixo.
Quando a manteiga/margarina/óleo começar a ficar com uma cara esquisita - antes de começar a sair fumaça e queimar, evidentemente - e parecendo querer sair da panela mas sem saber para onde ir, jogue o alho lá dentro e fique mexendo a panela com uma colher de pau, ou uma de pedreiro se você quiser dar uma de machão, o que você tiver ou for de seu gosto, até que o alho fique com uma cor dourada.
Dica: Alho é um bicho safado, você vai descobrir: se você jogar ele na panela quente e não mexer, ele é capaz de ficar horas com a cara branca. Mas, se você mexer enquanto frita, cuidado para não bobear e dançar rapidinho, pois ele doura e preteja em dois tempos. Cuidado.
Assim que dourar o alho, jogue o arroz e mexa para igualar o contato dos grãos com o alho-e-óleo. Despeje a água fervendo até ficar dois dedos acima da superfície do arroz e mexa mais um pouco.
Pegue uma colher de sopa e ponha sal de modo que apenas a ponta dela fique coberta deste composto iônico, o tal NaCl que bem conhece das cadeiras do segundo-grau.
Se não sabe o que é NaCl, é aquilo que gruda na pele quando você vai à praia, dá um mergulho e depois fica a secar ao sol. Aquela substância branca é o tal de NaCl (Sódio e cloro).
Jogue os chuchuzinos - não vá jogar as namoradas na panela, ok? - dentro da mistura.
Tape e voilá!, você é um feliz cozinheiro de arroz; mas não vá deixar queimar.
Deixe tapado, mas dê umas espiadas de vez em quando, e, quando começar a crepitar e não tiver glu-glu de água, você já pode desligar o fogo.
Não destape a panela, mas quando o fizer, vai ver que as fatias dos chuchus jovens estarão sobre a superfície do arroz e, quando for comê-los, verá que têm um gosto muito bom. Não desacredite dos poderes deste legume tão relegado a segundo plano.
Aliás, a vida é assim, não nos deixando saborear as coisas simples por costumeiro preconceito, palavra que via de regra não se refere a coisa inteligente.
Espere uma hora para servir, e chame o seu chuchuzinho-de-vestido para compartilhar sua maestria.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Quero experimentar, viu?? :-)
Faça e me convide. Providenciarei
o vestido..hehe
Eu
Postar um comentário