26 maio 2008

Bandeira Nacional Brasileira

Se você pesquisar na internet, encontrará vários artigos que tentam explicar o porquê de nossa bandeira nacional ter as cores que tem.

Um artigo do Dr. Condorcet Rezende vem aclarar com muitos detalhes as raízes históricas deste tão belo símbolo de nossa pátria. Leia:

A BANDEIRA NACIONAL

Quando estávamos na escola, diziam-nos que o verde de nossa bandeira representava nossas matas; o amarelo, nosso ouro e o azul, nosso céu. Era uma conceituação poética, mas que nada tinha a ver com a verdade histórica. Quando cheguei ao curso ginasial, contou-me meu pai a história da Bandeira Nacional.


Proclamada a República na manhã de 15 de Novembro de 1889, cuidou o Governo Provisório do General Deodoro de definir os símbolos nacionais, entre eles, a bandeira. Vários projetos foram apresentados ao Governo, a maioria deles imitando bandeiras de outros países, especialmente a dos Estados Unidos, com a substituição das faixas vermelhas e brancas por faixas verdes e amarelas. Benjamin Constant, o verdadeiro fundador de nossa República, levou ao Governo o projeto da bandeira elaborado por Raimundo Teixeira Mendes, membro da Diretoria do Apostolado Positivista do Brasil e que viria a ser o Chefe do Apostolado depois do falecimento, em 1917, de Miguel Lemos, que fundara o Apostolado no Brasil.


O projeto de Teixeira Mendes tinha um fundamento filosófico, baseado nas recomendações de Augusto Comte, fundador do Positivismo: nossa bandeira ligaria nosso passado ao presente e este ao futuro. Assim, Teixeira Mendes manteve o verde e amarelo da Bandeira Imperial, pois eram as cores da Casa de Orléans e Bragança; substituiu a esfera armilar por uma representação simbólica (e não astronômica) do céu da noite de 15 de novembro de 1889 e colocou por sobre a esfera azul, numa faixa branca, o lema "Ordem e Progresso" (em letras verdes), que é o lema positivista para o desenvolvimento político (verde e branco são as cores positivistas).


Assim, o verde e amarelo representam nosso passado; a esfera azul representa nosso presente e o lema "Ordem e Progresso" era a expectativa dos fundadores da República em relação ao nosso futuro.


Aprovado o projeto pelo Decreto n° 4, de 19 de novembro de 1889 do Governo Provisório, foi o primeiro exemplar de nossa Bandeira confeccionado pela mulher e pelas filhas de Benjamin Constant, encontrando-se hoje guardado no arquivo histórico da Igreja Positivista do Brasil,na Rua Benjamin Constant, 74, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro.

Desde que aprendi a história de nossa Bandeira, tenho ouvido e lido muitas distorções da verdade histórica: algumas, por ignorância; outras, creio, por má-fé.

Já li que Teixeira Mendes esqueceu-se de incluir o "Amor" no lema da Bandeira. Quem o diz desconhece a diferença que Augusto Comte fazia entre o desenvolvimento social, cujo lema é " O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim" (ou seja, o "Amor"como regra, baseado na "Ordem" e ambos tendo o "Progresso" por objetivo) e o lema do desenvolvimento político "Ordem e Progresso", pois, segundo o notável filósofo, o "progresso" é o desenvolvimento natural da "ordem" e sem esta, não há" progresso".
(Conta-se que o saudoso Mario Henrique Simonsen, quando ainda na escola, teria feito uma redação sobre o lema " Ordem e Progresso", limitando-se a acentuar a conjunção"e". Ou seja "Ordem é Progresso").

Também já se objetou relativamente à posição das estrelas que representam o céu da noite de 15 de novembro de 1889. Ora,Teixeira Mendes fez uma representação simbólica, como convém a uma bandeira, e não uma reprodução astronômica. A Bandeira é um símbolo e os símbolos, por definição, não reproduzem a realidade, são apenas uma representação da realidade. Veja-se, por exemplo,a Bandeira do Japão. Todos sabemos que o sol não é, astronômicamente, como está estampado na Bandeira japonesa, mas ninguém de bom senso vai querer mudar a Bandeira japonesa para nela incluir a reprodução astronômica do Sol, o que, aliás, seria praticamente impossível !

Em seu Sistema de Política Positiva ou Tratado de Sociologia (palavra esta cunhada por ele, assim como "altruísmo"), diz Augusto Comte que o grande desafio político do futuro seria conciliar a "ordem" com o "progresso", de sorte que a "ordem" não seja tão retrógrada que impeça o "progresso" e este não seja tão anárquico que destrua a "ordem". Como a Revolução Francesa acabara com o chamado "Ancien Régime" mas nada criara para substituí-lo, Augusto Comte recomendava que se reorganizasse a sociedade sob a forma política republicana laica, com a absoluta separação do Estado e a Igreja, com ampla liberdade de manifestação do pensamento e de culto, e com a incorporação do proletariado à sociedade, pois, segundo ele, o proletariado de seu tempo vivia acampado à margem da sociedade.

Portanto, os que hoje falam em "inclusão social" estão atrasados pelo menos 150 anos em relação à proposta de reforma social de Augusto Comte. Mas era também preciso reorganizar a ordem moral, substituindo-se as crenças teológicas baseadas em dogmas revelados, pelas verdades positivas, baseadas na ciências, ou seja, na fé demonstrável.

Por isso, só posso atribuir à total ignorância, ou a má-fé, a afirmativa que, segundo me disseram, consta até de um "site" na Internet, que o azul e o branco em nossa Bandeira seriam uma homenagem à santa padroeira do Brasil e de Portugal. Sabendo-se que Raimundo Teixeira Mendes, que concebeu e projetou nossa Bandeira, era positivista ortodoxo, é evidente que não iria incluir na Bandeira qualquer alusão a figuras teológicas.

Vejo com certa apreensão que as novas gerações brasileiras estão esquecendo nosso calendário cívico. Muitos jovens já não sabem que efemérides se comemoram nos dias 22 de abril,13 de maio e 19 de novembro.Em outros países, notadamente nos Estados Unidos, o Dia da Independência (Independence Day), Columbo’s Day (Descoberta da América) e o Flag Day(Dia da Bandeira) são solenemente comemorados, pela importância que têm para a história do país e a identidade de seu povo.

É preciso que a sociedade brasileira se conscientize de que um povo que perde sua memória histórica e cívica acaba perdendo sua própria identidade e passa a ser presa fácil de doutrinas políticas exóticas e de políticos inescrupulosos.

É preciso que nossos professores, sobretudo os do curso primário,cuidem de ministrar aulas de história do Brasil e de educação cívica, como sempre se fez, chamando a atenção dos alunos para nossas grandes figuras históricas e para os fatos que nos levaram de colônia a império e deste à república, com ênfase nas vantagens, sobretudo de ordem social, que advieram dessa marcha política. Temos que continuar venerando as figuras de Tiradentes, José Bonifácio e Benjamin Constant, principais responsáveis pelo advento de nossa emancipação política e de nosso progresso social.

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