05 setembro 2008

ECOS DO PASSADO - História do Brasil - The Times, 19/11/1889

Deu no The Times, em 19/11/1889.

Traduzi pelo que sei de inglês. Caso deseje ver o original, clique no título deste artigo.

As palavras entre colchetes são comentários meus.

Seguem, em negrito, as notícias:

A Revolução no Brasil

Viena, 18/11:

A imprensa austro-húngara unanimemente deplora a revolução que destronou Dom Pedro II, e o jornal Neue Freie Presse, entre outros, prediz que os brasileiros pagarão caro pelo que fizeram.

O mercado financeiro de Viena, que é altamente sensível à condição presente, tem sido influenciado pela revolução, embora sua influência possa somente ser sentida aqui indiretamente através do mercado francês.

A capital francesa parece ter investido bastante no Brasil. Apenas há uns poucos meses, um novo banco e uma grande empresa estabeleceram-se no Rio de Janeiro com capital francês.

Berlim, 18/11:

A bolsa hoje aqui, influenciada principalmente por reportagens de Londres, está sobremaneira inquieta sobre as notícias do Brasil, mas até o fechamento dos negócios recobrou seu tom normal.
De resto, a revolução, enquanto naturalmente forma assuntos de lamentação entre os políticos conservadores, é naturalmente aclamada com contida alegria pela imprensa radical.
Como observa o Kreuz Zeitung: "A imprensa liberal mal pode esconder sua satisfação pelo evento. Idéias republicanas, pensa-se, ganhou uma vitória imediata e considerável, e é uma feliz constatação que a América está agora livre desde os bancos de St. Lawrence até Cabo Horn.

Rio de Janeiro, 16/11:
O ministro das finanças do governo republicano provisório fez uma visita ao presidente do Brazilian National Bank, a quem declarou que todos os contratos acordados pela antiga administração imperial serão respeitados e continuados pelo novo governo.

Noite, 17,11:
Foi anunciado que o novo governo firmemente mantém a ordem pública. O Gabinete prepara um telegrama-circular a ser endereçado aos representantes brasileiros no exterior e transmitidos por eles aos governos estrangeiros. A província da Bahia notificou de sua adesão à república, e as notícias das províncias geralmente fazem saber da tranquila aceitação da nova ordem das coisas.

Nova Iorque, 19/11:
Um telegrama de Lima [Será o ministro Araújo Lima, ou é da capital do Peru?] diz que os seguintes despachos foram recebidos lá, do Rio de Janeiro, sábado à noite: "Ao imperador são dadas 24 horas para sair [do país]. A comissão revolucionária fez um juramento perante a Câmara Municipal. A república é uma realidade. Grande entusiasmo prevalece. Preto [Visconde de Ouro Preto], ex-ministro do interior, e Mayunck, banqueiro, foram presos.

Paris, 18/11:
O Duque de Nemours enviou um telegrama à rainha Victoria confirmando as notícias de que o imperador do Brasil e a família real embarcaram para a Europa sem sofrerem nenhuma experiência desagradável.

São Petersburgo, 18/11:

Em um artigo sobre a revolução no Brasil, o jornal semi-oficial Journal de Saint Pétersbourg, após demonstrar pesar de Dom Pedro diz: "O imperador do Brasil durante suas repetidas e longas visitas à Europa, ganhou universal simpatia por seus pares. Os acontecimentos que recentemente o derrubaram, pela ingratidão de alguns de seus súditos, serão profundamente deplorados em toda parte. Com relação ao Brasil, é provável que o país ficará desprovido de ordem e segurança no porvir.

Lisboa, 18/11:

Um telegrama particular recebido aqui do Rio de Janeiro, anuncia que o imperador deposto partiu para a Europa a bordo do vapor brasileiro Alagoas, em seu destino para Lisboa. Um outro telegrama diz que Sua Majestade deixou [o país] a bordo do navio de guerra Riachuelo, sendo que o comandante do navio recebeu instruções seladas para serem abertas após a partida, indicando-lhe onde desembarcar o imperador, sendo seu destino provável um porto francês ou italiano no Mediterrâneo.
Acrescenta o despacho que Dom Pedro foi objeto de simpatia por parte da população e do governo provisório no momento da partida.
O Chargé D'Affaires [Diplomata em missão temporária] brasileiro recebeu o seguinte telegrama:

Rio de Janeiro, 18/11/1889.

Ministro Brasileiro, Londres
O governo está constituído como República dos Estados Unidos do Brasil.
A monarquia foi deposta. A família imperial deixou o país.
Tranquilidade e satisfação geral.
O Poder Executivo apresenta-se como governo provisório, que é chefiado
pelo Marechal Deodoro e eu, o Ministro da Fazenda.
A república rigorosamente respeita todos os acordos, obrigações e
contratos do estado.
Ruy Barbosa, Ministro da Fazenda.


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