Hoje enterrei Maria junto a uma das árvores recém-plantadas na rua onde moro.
Conviveu comigo uns dois anos e nem sei como ela veio parar no meu apartamento. Acho que o inquilino anterior esqueceu-a aqui e eu adotei.
Maria e Matilde, duas pequenas folhagens que moravam no exterior da janela do meu banheiro, que dá para a área de serviço.
Dizem que, quem fica sozinho e não deixa um animal ou vegetal morrer, estará pronto para uma nova relação.
Maria e Matilde não morreram. Mas não foi porque cuidei delas: foi porque elas realmente são plantas resistentes.
Hoje vi que, com o vento, Maria caiu dentro do tanque, pela 'enésima' vez. A cada queda nesses dois anos, menos terra. Hoje chegou ao limite, não dava para continuar.
Diria você que bastava comprar terra? É verdade, mas nunca me lembrei (ingrato que fui) e, por conseguinte, também não comprei.
Levei Maria para a lata do lixo e continuei minha limpeza do ap., até que um remorso bateu.
Bem ou mal, Maria e Matilde me fizeram companhia e, nas poucas vezes que por ali passei, somente as reguei quando via uma das duas dentro do tanque, desterradas.
Voltei à lata do lixo, me vesti e desci as escadas. Fui à praça e escolhi um cantinho junto a uma árvore em crescimento.
Voltei satisfeito, pois uma faria companhia à outra, e ela teria todos os nutrientes da terra para a qual a transplantei e toda a água que Deus manda aos vegetais, independendo de um humano ingrato.
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