18 outubro 2008

A Dignidade dos Bolsos

Possivelmente você diria que os bolsos são ornamentos dispensáveis do vestuário, ou que servem apenas para livrar as mãos da dificuldade de agir enquanto cheias. Quem sabe tão-somente um lugar geométrico da indumentária para ocultar coisas dos olhos de pessoas curiosas ou mal intencionadas.

Diria que não.

Ao mesmo tempo que servem aos motivos práticos de transporte de pequenas coisas, têm sua função moral. Eleva ou rebaixa a dignidade das pessoas.

Faz parte de um código social silencioso, mas não por isto desprezível.

Um bolso - ou vários -, caracteriza uma pessoa amigável, que guarda as coisas, que tem compromisso; se ausente, insinua indiferença, sugere falta de verdeira amizade. Parece-nos que tal pessoa não se lembrará de nós assim que virarmos a esquina, que nada lhe apega ao corpo.
Parênteses: excesso de bolsos também traz a desconfiança: aquele sujeito tem a avareza, quer carregar o mundo consigo; nada para os outros...

Um bolso é coisa séria.

Veja como é reprovável o ato de nele enfiarmos a mão, quando nos quedamos incomodados com alguém. Torna-se, neste caso, um receptáculo de maus sentimentos, ocultando as mãos que tudo falam.

Um bolso diz tudo, e sua ausência a expressão moral amordaçada.

Tudo isto para dizer que detesto a vulgaridade de uma calça jeans feminina sem os bolsos atrás.

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